Muitas vezes penso, talvez erradamente, que o euromilhões seria a solução de todos os meus problemas. Dizem que o dinheiro não traz felicidade, mas no final de contas, parece que tudo se prende com dinheiro.
Se tivesse dinheiro podia viajar e aposto que isso me faria imensamente feliz. Se tivesse dinheiro podia ter a minha casa, o meu espaço e isso deixar-me-ia extasiada. Se tivesse dinheiro podia fazer apenas aquilo que me desse prazer, não teria que engolir sapos do tamanho do mundo para manter um emprego que odeio e onde nos pagam uma esmola como se nos estivessem a fazer um favor. Se tivesse dinheiro podia ir ver todos os concertos que quisesse e a minha alma não se contorceria de dor cada vez que sei que vai uma banda que amo a Lisboa e eu não vou ver porque o dinheiro não dá para tudo.
Sem saúde nada se faz, mas quando se está doente, ter ou não ter dinheiro, é decisivo. E eu poderia ajudar amigos e familiares em listas de espera, no público. Mesmo eu, não teria que me sujeitar à opinião do meu médico de família do Centro de Saúde, quando acha que eu não preciso de determinado exame ou análise ou quando se tenta esquivar de passar-me receita de medicamentos de que realmente preciso (vá-se lá saber porquê).
Enfim, tenho quase a certeza que ter dinheiro me daria mais hipóteses de ser mais feliz do que o que sou.
E eu, que passo meses e meses sem jogar, tenho apostado no euromilhões, porque se não jogar, não adianta esperar que saia. Aposto o mínimo, porque sendo as probabilidades tão baixas, acredito que se tiver que sair, sai com 2€ e não é preciso muito, o 2º prémio já me fazia bem feliz.